Luiz Guilherme Burlamaqui

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Em 1974, o brasileiro João Havelange foi alçado à presidência da FIFA numa eleição em dois turnos contra o então presidente da entidade, Stanley Rous.

Construindo uma aliança com os países do denominado Terceiro Mundo – Ásia, Oriente Médio e África – a vitória do dirigente brasileiro causou espanto na imprensa internacional da época. Na narrativa do dirigente, a campanha é descrita como uma odisseia particular na qual o protagonista cruza dois terços do mundo na tentativa de angariar votos e desafiar o status quo institucional da entidade. Neste livro, a eleição se configura como uma janela política a partir da qual se radiografa a dinâmica internacional em um dado momento da Guerra Fria. O papel ativo do Estado ditatorial e de segmentos da sociedade civil brasileira detiveram na arquitetura da campanha indica a existência de um projeto político em torno da candidatura. O livro investiga quais os atores sociais envolvidos, como se deu o processo de formação das redes e quais agentes políticos estiveram diretamente envolvidos na campanha.

 

“O futebol como reflexo da vida internacional e revelador de sentimentos

nacionais há tempos é conhecido.

Sua centralidade como meio para a manifestação do poder, entretanto,

ainda permanece obscura. Longe de representar fenômeno novo – já

na antiguidade grega o esporte se encontrava na essência da cidade,

da pólis, e, portanto, da política –, a singularidade da evolução do futebol no século XX traduz, na verdade, uma voraz combinação dos poderes político, simbólico e econômico, que Luiz Guilherme Burlamaqui nos apresenta nesta obra de forma excepcional através dos percursos de João Havelangee da FIFA.”

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(ALEXANDRE MORELI - Professor de História das Relações Internacionais

da USP)

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SUMÁRIO

PREFÁCIO – NO CENTRO DO CAMPO, O PODER

Jamil Chade

19 INTRODUÇÃO: A INVENÇÃO DA HISTÓRIA DA FIFA

19 I. Do pó ao ouro?

43 II. O acontecimento como lugar de investigação: entre o nacional e o

global

49 III. O método de exposição

PARTE I – FIFA: ESTRUTURA E HISTÓRIA

57 1 COM QUANTAS NAÇÕES SE FAZ UM MONOPÓLIO? ESBOÇO

DE UMA TEORIA GERAL DA FIFA

57 1.1 A magia da FIFA

63 1.2 Modernidades alternativas

69 1.3 O avesso da pirâmide – a sociogênese de um regime de certificação

81 1.4 A monopolização como processo

87 1.5 Os significados jurídico-políticos da adesão à FIFA

94 1.6 O problema da representação – a igualdade jurídica como horizonte

político

102 1.7 Cruzar a fronteira imaginada

109 2 A RIGIDEZ INGLESA: A DESCOLONIZAÇÃO, A ASCENSÃO

DE STANLEY ROUS E A FIFA NA ‘‘LONGA DÉCADA DE 1960’’:

(1958-1971)

109 2.1 À procura do desenvolvimento

114 2.2 Um espectro ronda a FIFA

131 2.3 Stanley Rous, 1961

149 2.4 Espólios da colonização

PARTE II – A ASCENSÃO POLÍTICA DE JOÃO HAVELANGE

(1916-1970)

169 3 O ADMINISTRADOR: IDEOLOGIA E POLÍTICA NA

FORMAÇÃO DE UM PATRIMÔNIO SOCIAL-ESPORTIVO (1916-

1966)

169 3.1 João Havelange, uma vida extraordinária?

173 3.2 Um corpo indestrutível

190 3.3 A ética do fair play – dos gramados às piscinas

201 3.4 A boca do povo brasileiro

219 4 ‘‘UM PELÉ LOURO’’: ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL,

PROPAGANDA POLÍTICA E A COPA DO MUNDO DE 1970

219 4.1 “Um autêntico representante das classes empresariais”

225 4.2 As razões do desgoverno

234 4.3 Os empresários, a bola e a pátria

255 4.4 Onde se vence a Copa do Mundo?

262 4.5 A explosão de dádivas

PARTE III – O MUNDO QUE NÓS PERDEMOS? A CRISE

POLÍTICA DA FIFA NA FORMAÇÃO DE UMA NOVA ORDEM

INSTITUCIONAL ESPORTIVA

277 5 NO CORAÇÃO DO MILAGRE: CABOS ELEITORAIS E

PROPAGANDA POLÍTICA NA ELEIÇÃO DE HAVELANGE À

PRESIDÊNCIA DA FIFA (1968-1974)

277 5.1 Amarrando os nós

284 5.2 De Santos a Adis Abeba

302 5.3 O desenvolvimento à brasileira

308 5.3.1 A força do simbólico

324 5.3.2 O povo brasileiro e seu caráter

331 6 ONZE DE JUNHO DE 1974 – A ELEIÇÃO DE HAVELANGE À

PRESIDÊNCIA DA FIFA

331 6.1 O mapa de votação

343 6.2 China – o último ato

354 6.3 Um telegrama de Santiago

365 6.4 A Europa diante do espelho

373 EPÍLOGO – DA CRISE À CRISE: A FIFA E O LONGO REINADO

DE HAVELANGE

383 REFERÊNCIAS