Agência criativa negra: Rejeições articuladas e reconfigurações do racismo

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Valter Roberto Silvério

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Os processos de racialização podem ser lidos na forma de momentos conjunturais em diferentes contextos nacionais atravessados por períodos históricos de colonização nos quais após as abolições da escravidão, ou desescravizações, os descendentrs de africanos não foram considerados membros plenos da comunidade nacional. A rejeição primordial se deu a partir da ideia de raça oriunda do racismo científico que em suas ressignificações se estabelecem novas formas articuladas de rejeição o que gera novas estratégias de agência criativa negra. Estratégias que não são só reativas, mas que procuram tanto diminuir os impactos do racismo intergeracionalmente quanto ampliar a participação política em direção a um novo regime de representação que desclausure a população negra da imposição paradigmática eurocêntrica, o nós não seremos como vocês, daí a necessidade de não esqucer o que foi silenciado em nome da sujeição a uma identidade nacional racializada e monocultural.

É, portanto, a apartir da agência criativa negra que tem se dado a valorização das vidas negras e um processo de construção de hegemonia em uma perspectiva de um vir a ser diaspórico que se contrapõe às lógicas articuladas através de rejeições traduzidas em legislações, normas jurídicas, produção de conhecimento racializado e currículos, nos diferentes níveis de escolarização, que ao insistirem e investirem em uma projeção igualitária fictícia negam a riqueza de nossas diferenças culturais.