RAIAR
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Em seu romance de estreia, Helder Santos conduz os leitores por um profundo e ríspido sertão pernambucano, mais precisamente na cidade imaginária de Soledade. Nesse roteiro não há protagonistas, todos os personagens possuem peso equivalente e, juntos, tecem uma trama envolvente e dramática que dá corpo a um desfecho cruel e surpreendente. Entre os habitantes de Raiar, Tuca Ferroada, Florêncio, Horasclênio, Afonsinho Montano, entre outros, formam o quadro de personagens díspares. São amorais, justiceiros, necrófilos, sonhadores, violentos e românticos que têm em comum Soledade e o drama que arrebata a todos.
As narrativas que se desenvolvem nos 23 capítulos que compõem Raiar são interrompidas e ecoadas por figuras que Helder, que é também ilustrador e gravurista, coloca como portas no labirinto dessa trama. Como bem notou Lourenço Mutarelli, essas figuras não ilustram simplesmente o texto. Antes, desenvolvem uma narrativa gráfica e mapeiam o imponderável. “Não vejo a arte desse livro como ilustração. As vejo como parte. Como quase palavra. São mais melodias, ou a base melódica dessa história”, considerou o escritor e desenhista.
Helder Santos lançou mão para sua estreia de uma linguagem inventiva, rica e cuidadosa que foge do lugar comum. Seu senso estético apurado pode ser notado pelo ritmo que impõe aos textos e pela segurança com que mescla estilos e os faz resultar em um pacote único e coerente. Ao alternar descrições ricamente detalhadas, diálogos ágeis e lirismo, Helder dá vida a um elenco de personagens inesquecíveis e a histórias memoráveis.
Raiar, no mais, não é uma leitura confortável, embora fluida. Te pega pela mão e passeia por lugares obscuros e emoções inevitáveis.
Details
Sobre o autor: Nascido no Recife (PE), Helder Santos passou a maior parte de sua infância em Madison (Wisconsin), nos Estados Unidos. Formou-se em Design Gráfico pela UFPE, trabalhou em Luanda (Angola), fez mestrado em Barcelona (Espanha) e trabalha atualmente com direção de arte. Artista plástico, sua mais recente exposição foi no ano passado, na Livraria da Vila, com xilogravuras inspiradas no livro Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar.