Rir das ditaduras – os dentes de Henfil (Fradim, 1971-1980)

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Marcos Silva

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Henfil não foi apenas um cartunista vulcânico, cujas erupções de talento manifestavam-se também em uma indignada militância contra a ditadura e preconceitos impregnados no ideário da classe média brasileira. Além de generais, delfins e empresários empolados, o irmão de Betinho e Chico Mário mirava outros alvos. Seus torpedos tinham como destinatários o machismo, a homofobia e a dilapidação da natureza, entre tantos outros. Eram temas que acabavam de entrar na pauta dos movimentos sociais nos ásperos anos 1970. Não contente, exportou seu humor sulfúrico para meios além do papel, como a televisão, o teatro, o cinema e a literatura (foi um cronista formidável). Não havia internet na época, se não lá estaria ele, de pena e verbo em punho.

Poucos conseguiram examinar e analisar de forma abrangente o talento desse mineiro de Ribeirão das Neves, morto aos 44 anos, pouco antes da histórica campanha de Lula à presidência, em 1989. O ex-metalúrgico foi ali derrotado por pouco, pelos mesmos preconceitos de classe e de comportamento que o traço de Henfil tanto detonou.

Marcos (nascido em Natal, RN, radicado em São Paulo, SP, desde 1970) encara a tarefa, munido de gana e rigor histórico. Percorre a obra do artista com olho de historiador e de fã. E nos apresenta um livro marcante sobre a obra do homem que realizou sua migração às avessas (Henfil viveu em Natal entre 1976 e 1978).

(Gilberto Maringoni)

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SUMÁRIO

De Henfil a Henfil – Moacy Cirne

Henfil ontem e hoje – Waldomiro Vergueiro

Chegando ao continente Henfil

Machos, mixos

Nascimentos e mortes dos Fradim

Baixim vira bicha e mulher

Machos e fêmeas no Alto da Caatinga

O poder do derrotado

Laerte/Henfil: Os países do leste e a tração humana

Anexo: Cronologia das edições de Fradim – 135

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